O triste fim de Jean Charles, um brasileiro na terra da Rainha

Os agentes da Scotland Yard estavam com os nervos à flor da pele na manhã daquela sexta-feira, 22 de julho de 2005. Quinze dias antes, Londres havia sofrido um terrível atentado, com explosões que atingiram o sistema de transporte público e mataram 56 pessoas. Além disso, na véspera, dia 21 de julho, grupos terroristas tentaram realizar um novo ataque, que felizmente falhou.

O etíope Hussain Osman era um dos procurados pelo ato malogrado do dia anterior: a polícia havia encontrado uma mochila que continha uma bomba caseira e também um documento seu – a carteira da academia onde ele praticava musculação.

Alguém poderia se perguntar por que uma pessoa com a mente voltada para o mal e executando um plano tão macabro cometeria um deslize desses, mas a explicação era mais singela: ele queria ser reconhecido e lembrado por seu feito “heroico”.

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Cuba: embargo de inteligência

A visita de Barack Obama a Cuba foi um sucesso. Talvez não tanto quanto a dos Rolling Stones, mas sem dúvida com potencial para pavimentar o caminho para novos e mais duradouros avanços. O primeiro passo já havia sido dado em 17 de dezembro de 2014, quando os dois países reataram relações diplomáticas. Agora falta acabar com o embargo econômico americano, imposto ao país caribenho em 1960 e intensificado por meio de leis posteriores.

Quando isso acontecer finalmente ficaremos sabendo, depois de 56 anos, o que Cuba tem a oferecer aos americanos além de rum e charutos. Também saberemos o que os cubanos querem comprar dos Estados Unidos que não existe em outros países. E com que dinheiro.

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Hong Kong: o editor sumiu

O enredo é digno de um filme de suspense. No fim da tarde do dia 30 de dezembro, Lee Bo, sócio da editora Mighty Current, de Hong Kong, recebeu um pedido de dez livros de um novo e desconhecido cliente e resolveu entregar os exemplares pessoalmente. Sua esposa, Sophie Choi, disse que o esperaria para jantar. Mas as horas passavam e ele não voltava para casa.

A tensão já era grande, pois quatro pessoas da Mighty Current e da livraria Causeway Bay Books, de propriedade da editora, estavam desaparecidas. Lee poderia muito bem ser o quinto da lista.

O primeiro desaparecimento ocorrera em 17 de outubro, revelando uma operação de âmbito internacional. O sócio de Lee Bo na editora, Gui Minhai, foi sequestrado por um chinês em sua casa em Pattaya, na Tailândia. Gui, que possui nacionalidade sueca, fez vários telefonemas à esposa ao longo das semanas seguintes sem nunca mencionar seu paradeiro. A família apresentou uma denúncia às autoridades da Suécia e à Interpol, porém, aparentemente, a polícia tailandesa não investigou o caso.

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Os donos do Diário de Anne Frank

Em artigo anterior, falamos sobre o escritor de O Pequeno Príncipe, Antoine de Saint-Exupéry, seu misterioso desaparecimento e o fato de, em 2015, a sua obra ter caído em domínio público, o que explica a enxurrada de lançamentos do famoso livro no mundo todo, inclusive no Brasil.

Em 2016, esse seria o provável destino de outra obra de prestígio, O Diário de Anne Frank. Escrito por uma adolescente judia durante o período em que ela e sua família se escondiam da perseguição nazista, o livro veio a público depois da Segunda Guerra Mundial e comoveu o mundo.

Passados 70 anos da morte da autora, ocorrida em 1945, a obra estaria livre para publicação, sem necessidade do pagamento de direitos autorais. Porém, se depender da Anne Frank Fonds, fundação suíça criada em 1963 pelo pai de Anne, isso não vai acontecer tão cedo. Segundo a entidade, Otto Frank, que viveu até 1980, seria coautor do livro. O assunto começou a gerar polêmica no ano passado e, pelo visto, ainda vai longe.

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