Juscelino Kubitschek e a mão amiga

A história foi contada a Fernando Sabino, que a divulgou tempos depois. Logo após o golpe de 1964, Juscelino Kubitschek começou a ser perseguido pelo regime militar e acabou cassado. Mesmo assim, as perseguições não cessaram. Havia temores de que ele reunisse a seu favor a parcela da população que lhe era favorável e criasse resistência significativa contra o regime.

Um dos meios para intimidá-lo eram os inquéritos policiais militares – os temíveis IPMs. Diariamente ele era submetido a cansativos e humilhantes interrogatórios no Ministério da Guerra, cuja única finalidade era minar o seu moral. O pior é que os militares estavam conseguindo: nenhuma violência física foi perpetrada contra ele, mas sua gana e seu entusiasmo, aos poucos, foram corroídos por dentro.

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O fim de um mito

Durante anos ele lutou para conquistar a Presidência da República, percorrendo o país várias vezes, de ponta a ponta, numa luta que parecia não ter fim. Enquanto isso, ganhava a simpatia popular e a ferocidade dos inimigos. Mestre do populismo, criou um séquito de devotos dispostos a brigar por ele e defendê-lo do que fosse. Mesmo com várias acusações de corrupção, algumas delas objeto de ações judiciais, conseguia driblar a Justiça e jamais recebeu uma condenação definitiva. Quando caiu, foi o fim do mito.

Este foi Adhemar de Barros, inspirador do famoso lema “rouba, mas faz”, cuja cassação completa hoje cinquenta anos. Sua trajetória é o retrato de uma época que teima em voltar, em diferentes cenários, mas com a mesma essência.

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