Amy Winehouse e Stone Roses – saudades do que nunca foi

Hoje faz cinco anos que a sua voz se calou para sempre. Dia 23 de julho de 2011, Amy Winehouse foi encontrada morta em sua casa, encerrando abruptamente uma carreira brilhante e deixando milhões de fãs desconsolados mundo afora.

Ninguém se conformou, é claro, mas aquela situação não era totalmente inesperada. A difícil relação de Amy com o álcool e as drogas era conhecida do público, ainda mais porque, nos últimos anos, vinha prejudicando o seu desempenho nos palcos – ela desafinava, esquecia as letras, perdia o ritmo. E todos já sabiam o quão difícil era convencê-la a se tratar. Os versos do seu sucesso Rehab deixavam isso bem claro: “Tentaram me levar para a reabilitação/eu disse não, não, não”.

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O barulho da PUC avançando a madrugada – um crime sem perdão

Moradores do bairro paulistano de Perdizes, no entorno da PUC, estão pagando o tributo ao demônio às sextas-feiras e nas madrugadas de sábado. Festas organizadas pelos estudantes da tradicional universidade transformaram a vida da vizinhança num inferno.

O maior problema é o barulho, puxado pelos “pancadões” – caixas de som ultrapotentes –, mas não apenas isso. Os frequentadores das festas praticamente bloqueiam a rua Ministro Godói, urinam nas calçadas e produzem uma quantidade enorme de lixo. Também já houve registros de furto e dano. Os vizinhos estão transtornados.

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A tática suja dos agiotas chineses com as mulheres – Não pagou? Caiu na rede

Deu no Financial Times: agiotas chineses exigem fotos íntimas de suas devedoras como garantia de empréstimos. Se elas não pagarem, as imagens caem na rede. Os sujeitos orientam às meninas que solicitam financiamento que enviem fotos nas quais exibam também a carteira de identidade. Desta forma, não há como escapar do vexame em caso de calote.

A prática vem ganhando espaço frente a um sistema bancário nebuloso, cujas instituições chegam a cobrar 30% de juros ao ano sobre empréstimos, fora as demais exigências. Sem poder contar com o esquema oficial, as jovens acabam recorrendo aos que atuam no submundo.

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As Arcadas e Villa-Lobos – antes tarde do que nunca

Sua atitude estava de acordo com a onda de irreverência da Semana de Arte Moderna, mas a plateia não o perdoou. Ele resolveu se apresentar de sandálias em pleno Theatro Municipal, em São Paulo, e foi espinafrado sem dó.

Heitor Villa-Lobos, que se orgulhava de ser o compositor mais vaiado do mundo, não teve motivos para se queixar naquela noite. Entre os manifestantes, os mais entusiasmados – e sonoros – eram os alunos da Faculdade de Direito da USP, no Largo São Francisco. As vaias, parte da tradicional “estudantada” da faculdade, foram tão fortes que ele não conseguiu executar a sua peça musical. O pano baixou e ficou tudo por isso mesmo.

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Juscelino Kubitschek e a mão amiga

A história foi contada a Fernando Sabino, que a divulgou tempos depois. Logo após o golpe de 1964, Juscelino Kubitschek começou a ser perseguido pelo regime militar e acabou cassado. Mesmo assim, as perseguições não cessaram. Havia temores de que ele reunisse a seu favor a parcela da população que lhe era favorável e criasse resistência significativa contra o regime.

Um dos meios para intimidá-lo eram os inquéritos policiais militares – os temíveis IPMs. Diariamente ele era submetido a cansativos e humilhantes interrogatórios no Ministério da Guerra, cuja única finalidade era minar o seu moral. O pior é que os militares estavam conseguindo: nenhuma violência física foi perpetrada contra ele, mas sua gana e seu entusiasmo, aos poucos, foram corroídos por dentro.

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O fim de um mito

Durante anos ele lutou para conquistar a Presidência da República, percorrendo o país várias vezes, de ponta a ponta, numa luta que parecia não ter fim. Enquanto isso, ganhava a simpatia popular e a ferocidade dos inimigos. Mestre do populismo, criou um séquito de devotos dispostos a brigar por ele e defendê-lo do que fosse. Mesmo com várias acusações de corrupção, algumas delas objeto de ações judiciais, conseguia driblar a Justiça e jamais recebeu uma condenação definitiva. Quando caiu, foi o fim do mito.

Este foi Adhemar de Barros, inspirador do famoso lema “rouba, mas faz”, cuja cassação completa hoje cinquenta anos. Sua trajetória é o retrato de uma época que teima em voltar, em diferentes cenários, mas com a mesma essência.

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Arnaldo Malheiros Filho e a porta do céu

O advogado Roberto Podval voltava do intervalo para o almoço durante o julgamento do casal Nardoni, em 2010, quando, ao entrar no Fórum de Santana, levou um chute de um manifestante. O agressor fugiu, mas os que ficaram não pouparam Podval das vaias. Para aquelas pessoas, ele não poderia defender o pai e a madrasta da menina Isabella, morta em circunstâncias para lá de suspeitas, pois a opinião pública já os havia condenado.

Incrível, mas duzentos e tantos anos depois da Revolução Francesa ainda há quem negue direitos dos mais elementares, como o da presunção de inocência e o de um julgamento isento.

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Ideologia na sala de aula – alguém quer uma para viver?

No capitalismo, os operários trabalham para o dono da fábrica; no socialismo, a fábrica pertence a toda a sociedade, que trabalha para si mesma. No primeiro sistema, a propriedade privada, incluindo terras, minas, fábricas, bancos e empresas em geral, pertence à burguesia; no segundo, a propriedade coletiva é socializada e o povo, trabalhador, é dono de tudo. O objetivo do capitalismo é o lucro da burguesia, enquanto o do socialismo é o bem-estar da sociedade. No capitalismo, as decisões são tomadas pela burguesia a partir da situação do mercado. Já no socialismo as decisões são tomadas democraticamente pela sociedade, que planifica a economia.

O esquema do parágrafo anterior não foi tirado da cartilha do MST, nem de um artigo do sítio Opera Mundi: faz parte da coleção Nova História Crítica, concebida para alunos da 5ª a 8ª séries do ensino fundamental. Entre outras pérolas, afirma que os guerrilheiros colombianos das FARC sonham com uma “nova sociedade”, mas os Estados Unidos os acusam de “terrorismo” e apoiam o governo. O autor da coleção, Mario Furley Schmidt, já vendeu mais de 10 milhões de exemplares de suas obras.

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Elevados e deprimidos – o futuro do Minhocão

Difícil acreditar, mas a ideia original era de um arquiteto: uma via elevada sobre a avenida São João, até a praça Marechal Deodoro, ajudaria a diminuir o trânsito local. O projeto foi apresentado ao então prefeito Faria Lima, mas este o recusou, pois sabia dos efeitos negativos que a iniciativa traria à região.

Não se pensou em alternativas, como uma via expressa subterrânea que poderia ser construída junto com a futura linha do metrô que passaria por ali.

Faria Lima, um prefeito muito elogiado por suas realizações no campo da estrutura viária da cidade, acabou enviando um projeto à Câmara dos Vereadores no qual reservou as áreas para a controversa obra, que poderia ser concretizada por um sucessor.

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Jonathan Ive, o artista de Steve Jobs

Em geral, as pessoas acostumadas a manusear os produtos da Apple – como o iPhone e o iPad – não conhecem o processo criativo por trás deles e nem os protagonistas de cada etapa. Sempre se ouve dizer que Steve Jobs, o gênio da empresa, perseguia a excelência, mas poucos tiveram notícias a respeito das pessoas que trabalhavam com ele.

Na segunda fase de Jobs na Apple, a partir de setembro de 1997, o principal nome no campo da criação foi Jonathan Ive, um britânico que conquistou seu espaço depois de Jobs descartar, entre outras opções ilustres, Giorgetto Giugiaro, que havia projetado a Ferrari 250.

Ive se apaixonou pela Apple quando, na faculdade, utilizou um Macintosh para desenhar. Foi uma experiência inesquecível.

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